O questionamento sobre as diferenças entre as vacinas da rede pública e as particulares é frequente na consulta pediátrica. Mas a resposta não é igual para todas as vacinas, sendo assim, realizarei a análise particular de cada uma delas, apresentando inicialmente as diferenças gerais entre os calendários vacinais.
Calendário Vacinal definido pelo Ministério da Saúde (UBS)
Idade |
Vacina |
Dose |
Ao nascer |
BCG (intradérmica) |
Única |
Hepatite B |
Primeira dose | |
2 meses |
Pentavalente (DPT + HiB + HB) |
Primeira dose |
Salk – Vacina poliomielite inativada |
||
Vacina oral contra rotavírus |
||
Vacina pneumocócica 10 |
||
3 meses |
Vacina meningocócica C conjugada |
Primeira dose |
4 meses |
Pentavalente (DPT + HiB + HB) |
Segunda dose |
Salk – Vacina poliomielite inativada |
||
Vacina oral contra rotavírus |
||
Vacina pneumocócica 10 |
||
5 meses |
Vacina meningocócica C conjugada |
Segunda dose |
6 meses |
Pentavalente (DPT + HiB + HB) |
Terceira dose |
Sabin – Vacina poliomielite oral |
||
Vacina pneumocócica 10 |
||
9 meses* |
Febre Amarela |
Primeira dose |
12 meses |
Tríplice Viral (SCR) |
Primeira dose |
|
Vacina pneumocócica 10 |
Reforço |
15 meses |
Tríplice Bacteriana (DPT) |
Primeiro reforço |
|
Sabin – Vacina poliomielite oral |
Reforço |
|
Vacina meningocócica C conjugada |
|
4 anos |
Tríplice Bacteriana (DPT) |
Segundo reforço |
|
Tríplice Viral (SCR) |
Reforço |
10 anos* |
Febre amarela |
Repetir a cada 10 anos |
15 anos |
dT |
Repetir a cada 10 anos |
Campanhas Nacionais |
||
Menores de 5 anos |
Sabin – Vacina poliomielite oral |
Semestral |
De 6 meses a 2 anos |
Vacina Influenza (gripe) |
Anual |
DPT – Difteria, coqueluche e tétanoHiB – Vacina contra haemophylus influenzaetipo BHB – Vacina contra Hepatite BSCR – Sarampo, caxumba e rubéoladT – Difteria e tétano (Dupla adulto)*Apenas nas áreas endêmicas |
Calendário Vacinal definido pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
Idade |
Vacina |
Dose |
|
Ao nascer |
BCG (intradérmica) |
Única | |
Hepatite B |
Primeira dose | ||
2 meses |
Hexavalente (DPTa + HiB + HB + Salk) |
Primeira dose | |
Vacina oral rotavírus pentavalente |
|||
Vacina pneumocócica 13 |
|||
3 meses |
Vacina meningocócica C conjugada |
Primeira dose | |
4 meses |
Pentavalente (DPTa + HiB + Salk) |
Segunda dose | |
Vacina oral rotavírus pentavalente |
|||
Vacina pneumocócica 13 |
|||
5 meses |
Vacina meningocócica C conjugada |
Segunda dose | |
6 meses |
Hexavalente (DPTa + HiB + HB + Salk) |
Terceira dose | |
Vacina oral rotavírus pentavalente |
|||
Vacina pneumocócica 13 |
|||
9 meses* |
Febre Amarela |
Primeira dose | |
12 meses |
Tetra Viral (SCR + Varicela) |
Primeira dose | |
|
Vacina pneumocócica 13 |
Reforço | |
|
Hepatite A |
Primeira dose | |
15 meses |
Pentavalente (DPTa + HiB + Salk) |
Primeiro reforço | |
|
Tetra Viral (SCR + Varicela) |
Reforço | |
18 meses |
Hepatite A |
Segunda dose | |
4 anos |
Tríplice Bacteriana (DPTa) |
Segundo reforço | |
|
Sabin – vacina oral poliomielite |
Reforço | |
|
Vacina meningocócica C conjugada |
Reforço | |
A partir de 9 anos |
HPV (meninos e meninas) |
3 doses | |
10 anos* |
Febre amarela |
Repetir a cada 10 anos | |
11 anos |
Vacina meningocócica C conjugada |
Reforço | |
15 anos |
dT |
Repetir a cada 10 anos | |
Campanhas Nacionais |
|||
Menores de 5 anos |
Sabin – Vacina poliomielite oral |
Semestral | |
De 6 meses a 2 anos |
Vacina Influenza (gripe) |
Anual | |
DPTa – Difteria, coqueluche e tétano (acelular)HiB – Vacina contra haemophylus influenzaetipo BHB – Vacina contra Hepatite BSCR – Sarampo, caxumba e rubéoladT – Difteria e tétano (Dupla adulto)*Apenas nas áreas endêmicas | |||
Diferenças entre as vacinas da rede pública e as particulares
Vacina BCG
Pode ser aplicada já na maternidade ou nos postos de saúde e clínicas particulares no primeiro mês de vida. Não existe diferença entre a BCG do posto, da maternidade ou da clínica particular.
A BCG tem o objetivo de prevenir as formas graves de tuberculose. É aplicada no braço direito por via intradérmica (injetável). Alguns dias após a aplicação forma-se uma pequena pápula no local, que irá supurar (abrir) e eliminar uma secreção branca e sem odor (purulenta). Após alguns dias, a ferida se fecha e deixa uma pequena cicatriz arredondada no local. Esta reação é normal e demora em média um mês para se completar, mas há casos em que a ferida demora um pouco mais para evoluir podendo acontecer até o sexto mês de vida. Não se deve espremer a lesão ou realizar curativo local. Recomenda-se uma segunda dose da vacina quando, após 6 meses, não se observa cicatriz no local da aplicação (consultar previamente o pediatra da criança).
Vacina contra Hepatite B
As vacinas do posto, das clínicas e das maternidades são exatamente iguais.
Vacina contra poliomielite (Sabin e Salk)
O vírus da pólio causa a temida paralisia infantil, uma doença que felizmente já foi erradicada do Brasil. Existem 2 vacinas contra a poliomielite.
Sabin – vacina oral contra a poliomielite (vacina da UBS – a partir da terceira dose e das campanhas vacinais semestrais)
É a vacina da gotinha. É eficaz e feita com vírus vivos atenuados, e por este motivo há um pequeno risco de causar a paralisia infantil.
Salk – vacina inativada contra a poliomielite (vacina da UBS – nas primeiras 2 doses e vacina das clínicas particulares)
É injetável e feita com vírus inativados, não havendo qualquer risco de se adquirir poliomielite.
A eficácia das duas vacinas é semelhante e após a segunda dose da vacina inativada ocorre diminuição importante do risco de reação se realizada a Sabin nas doses subsequentes. Dessa maneira, pode-se perceber que a mudança ocorrida no calendário vacinal do Ministério da Saúde (ao introduzir a Salk nas 2 primeiras doses) foi de extrema importância na diminuição do risco de reações adversas.
Vacina oral contra Rotavírus
Existem duas vacinas disponíveis. A vacina monovalente, aplicada nos postos de saúde e administrada em 2 doses e a vacina pentavalente, encontrada nas clínicas particulares e administrada em três doses, aos 2, 4 e 6 meses.
Vacina tríplice bacteriana (difteria, tétano e coqueluche) celular e acelular
A diferença entre a tríplice do posto e das clínicas é que a vacina do posto é feita com células inteiras (celular) e a das clínicas é acelular. Não há interferência na eficácia da vacina, porém observa-se que a vacina celular causa efeitos colaterais como inchaço, dor no local da aplicação e febre com uma maior frequência, incluindo efeitos graves como espasmos e convulsões.
Vacina contra haemophylus influenzae tipo B
Esta bactéria é responsável por infecções como otites, pneumonias, sinusites e até mesmo meningites, principalmente em crianças menores de 4 anos de idade. As vacinas dos postos de saúde e das clínicas são iguais.
Vacina contra meningococo C conjugada
Esta vacina protege contra a meningite causada pelo meningococo do tipo C, o tipo mais frequente no Brasil. As vacinas contra meningococo C do posto e das clínicas particulares são exatamente iguais, tanto na eficácia como na frequência de efeitos colaterais.
Vacina conjugada contra o pneumococo
Há dezenas de tipos de pneumococos, mas ainda não há uma vacina que proteja contra todos os seus tipos. As vacinas disponíveis protegem contra os tipos que circulam com maior frequência na população.
A vacina dos postos de saúde protege contra 10 tipos de pneumococo (por isso é conhecida como “10 valente”) e a vacina das clínicas particulares protege contra 13 tipos (sendo conhecida, então, como “13 valente”), ou seja, os dez tipos da vacina do posto e mais 3 tipos, o que corresponderia a uma proteção 6% maior do que as vacinas dos postos.
Vacina tríplice viral – Sarampo, Caxumba e Rubéola (MMR)
As vacinas dos postos e das clínicas particulares são exatamente iguais.
Vacina contra Varicela (Catapora)
A vacina contra a varicela já está disponível nas redes públicas para crianças até 1 ano e 3 meses.
Vacina tetravalente viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela combinadas)
Disponível somente nas clínicas particulares tem a vantagem de associar as vacinas tríplice viral e a varicela em uma só injeção.
Como ambas as vacinas devem ser aplicadas com um ano de idade, recomenda-se que as duas vacinas sejam feitas no mesmo dia. Porém, se os pais preferirem fazer em dias diferentes, é muito importante lembrar que deve haver um intervalo mínimo de um mês entre uma vacina e outra. Isto ocorre porque as duas vacinas são feitas com vírus vivos.
Vacina contra Hepatite A
Já está disponível nas redes públicas para crianças de 1 ano a 1 ano, 11meses e 29 dias.
Vacina contra Febre Amarela
Está indicada para os residentes e viajantes para as áreas endêmicas. A aplicação desta vacina pode ser feita a partir dos 9 meses.
Fique de olho: lactentes com menos de 6 meses em aleitamento materno, cujas mães receberam vacina contra febre amarela devem suspender o aleitamento materno por pelo menos 15 dias.
A vacina contra febre amarela não deve ser administrada no mesmo dia que a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) devido ao risco de interferência e diminuição de imunogenicidade. Recomenda-se que estas vacinas sejam aplicadas com um intervalo de 30 dias entre elas.
Vacina de Influenza (Gripe)
Está indicada para todas as crianças dos 6 meses aos 5 anos de idade, assim como para todas as crianças com mais de 6 meses e adolescentes que apresentem fatores de risco.
Fique de olho: a primovacinação de crianças com idade inferior a 9 anos deve ser feita com duas doses com intervalo de 1 mês.
Vacina contra HPV
Existem duas vacinas diferentes, disponíveis no mercado, contra o HPV (papilomavírus humano). A vacina bivalente (16, 18) e a quadrivalente (6, 11, 16, 18) indicadas para meninos e meninas de 9 a 26 anos, em três doses.
Já está disponível nas redes públicas para meninas de 11 a 13 anos.
—
Fontes: Calendário Vacinal 2013 – Sociedade Brasileira de Pediatria; Manual de Imunizações – Hospital Israelita Albert Einstein
Importante: Segundo o Conselho Regional de Medicina (CRM), a informação médica via Internet pode complementar, mas nunca substituir a relação pessoal entre o paciente e o médico. Pelas suas limitações, não deve ser instrumento para consultas médicas, diagnóstico clínico, prescrição de medicamentos ou tratamento de doenças e problemas de saúde.
Artigo escrito por: Dra.Camila Mendes Macca – CRM-SP 130.002 – especialista em Alergia e Imunologia. Para entrar em contato com ela, clique aqui e acesse seu site ou pela sua fanpage Clínica de Pediatria Primeiro Passos.
—
Beijos,